Eu porém vos digo...
Eu,
Vitrine, janela, telhado vivo;
Quando ilegal, anormal, banal,
imoral, atrevido,
Desviro o vidro;
Viro pedra e revido.
Na tevê, ninguém me vê
Mas sou todas
Aquelas caras mascaradas,
kabuc, persona, coisa de Jung.
Te atropelo, no trânsito
Depois transito de cara lavada;
Da revelia da noite
À falsidade do dia a dia.
Quando sou patrão
Adoro-te subjugado à mais-valia.
Se sou pai, desejo a sua filha;
Da minha, te quero a milhas.
Nunca te aviso do curso
Nem do concurso.
Pra colar, colo em você,
Mas depois, não te dou bola,
Nem coca-cola;
Se quizer, saia da escola.
Sou seu visinho mais estranho
Moro na rua da frente, tão longe
Que faço que nem te conheço;
Mas se você faz fora do tacho
Eu sempre sei, ou eu acho.
Sou cristão, mas se você ficar doente
Eu tenho dinheiro amigo
Compro um carro novo;
Você? seja paciente:
Pois eu oro, imploro, adoro.
Digo até "se deus quizer..." Tal coisa.
Coisa e tal.
Andamos tão juntos, que nem sei
Qual é a parte da nossa estrada
Que se cruza.
talvez nem no infinito
pois você, assim, de déu em déu,
Pensa que vai pro céu?
Eu não, faço até sopão
Para os pobres de coração e,
Sirvo lá no bairro;
Só tenho nojo das crianças
Catarrentas, magrelentas, esfomeadas;
Também, quem não trabalha não come;
Foi o apóstolo Paulo que falou, falou!?
Dos juízes, sou jurado. E você?
Jurado de morte pela sorte...
Seja forte, seja como eu.
Suporte!!!