LÁGRIMAS QUE, DE TÃO SECAS, VASTOS OCEANOS

27.05.97.

Meus passos são sempre estranhos

Quase toda explicação é nula

Há nessas trilhas diversos espinhos

Em eras dispersas palmilhei

Não há retas, um rumo predeterminado

São multiformes as aspirações

O tempo me traz marcas e feridas abertas

Há muita amargura e risos ultrajantes

Há pesadelos e sonhos visionários

Textos e pensamentos deturpados

Que citam sempre o mesmo parecer

Meus passos vão na contramão da normalidade

Meus obstáculos são sempre os mesmos

Minha biografia sempre as mesmas pedras

É longa a espera pelos “dias melhores virão”

É sempre a mesma música que toca

São vários os ritmos que tenho de dançar

Lágrimas que, de tão secas, vastos oceanos

É o caminho estreito, que de tão estreito

Esfolei-me em suas paredes

Decidi prosseguir sem olhar para trás

O terreno é baldio, fétido e irregular

Meus passos são sempre um sorriso forçado

Meus alicerces arenosos e movediços

Apenas minhas palavras são fixas

Às vezes também fixos meus lamentos

Todo o choro e covardia

Toda angústia e insensatez

Sem definição a seu tempo

Penso em me libertar do pensamento

Como couraça ante o vento bravio e

Assim caminhar um pouco mais tranquilo

Pelos mesmos lugares, diversas eras

Sempre tudo igual, nem precisei reparar

De quase tudo já se sabe, nem precisei esperar

Que nos caminhos dispersos novo traço se trace

Nesse passo que trago sempre o mesmo cigarro

ERUPÇÃO!

Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 30/05/2011
Código do texto: T3002282
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