O Avesso do Tempo

Poda as folhas do calendário

De gente que não chora

Porque não tem saudade

Daquilo que não viu.

Estanque estrada retilínea

Essa que o tempo construiu...

Sinais vermelhos, contratempos,

Rotatórias que me tornam

Ponteiro hirto de relógio

Que pulsa dentro duma órbita

Executando uma fermata

Que a platéia não aplaudiu.

Então construo outra pirâmide

Com dados velhos que joguei

Nem novos, velhos ou estranhos

Apenas blocos imutáveis

Faces de álea da Vontade

Que o engenheiro não previu.

Deus dirá...

***

Nos perguntamos a todo o tempo o que acontece com o nosso tempo, por que tudo é tão dinâmico e o que acontece com nossos planos que nem sempre dão certo.

O fato é que no mundo em que vivemos nem sempre é a nossa vontade que prevalece, a todo momento somos jogadores de dados que não conseguem prever qual face cairá, gastamos tempo construindo sonhos e tendo saudade daquilo que nem sequer vivemos.

As folhas do meu e do seu calendário estão sendo podadas, não podemos mudar o que passou e sim o que está por vir...

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"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."

Friedrich Nietzsche