Sofia de Paranaguá
Ave-Maria, cheia de graça,
Que há tempos não escrevia
O que meu coração dizia.
O Rio Itiberê me acolheu,
E, desse dia em diante, nasceu
A camélia mais linda
Na praça dos Leões.
Oh, Maria, como agradecer
Os dois anos que me fizeram florescer?
Da Júlia da Costa até Dona Marta,
Entre cafés, surgiram cartas.
De Guaratuba a Antonina,
Num dia, me descobri Antônia.
Perdi-me em "As Horas",
Entre Helenas, Cidálias e Natálias.
Meu amor veio na UNESPAR,
E nas Letras, pude me encontrar.
Na secretaria, souberam contar
As vezes que ali me viram cantar.
Sofia, no céu, há de brilhar,
Pois nunca parei de brincar.
Quando comecei a te amar,
Também aprendi a corar,
E tratei de admirar
O real sentido de tudo.
Sofia dizia viver
Um dia de cada vez,
Mas já viveu tantas vidas...
Tantas vidas que vivi,
Só para ouvir o bem-te-vi
Dizer que um dia morei aqui.
Ontem, fui embora
Com meu terço de Fátima,
Chorando, achando ser a última
História neste lugar.
Não peço misericórdia,
Só Deus conhece minha inocência.
Oh, Maria, deixa-me amar
E agradecer os dias
Em que o Porto chamou minha alma
Para reencontrar os amores da vida.
Aqui fala Sofia,
Sofia de Paranaguá.
Amém.