Confia Coração

Ei coração, meu mantenedor, voz minha que aos ouvidos não cessa o clamor, aquele que a todo o corpo faz viver, este que ainda que morra, todavia tu não o fará, que ardor é esse, e a troco de quê inflamas a minha alma com tuas lamurias, hmmm?

Responde carrasco!

Que te traz à presença da minha alma?

Não és o Pai o maior bálsamo, o melhor remédio para as feridas, não és Ele melhor conselheiro, então porquê procuras a ti mesmo para curar-se e vais à própria porta buscando consolo?

Não serias Deus o pai perfeito, conhecedor de todas as tuas necessidades, sejam mentais, emocionais e/ou espirituais? Então porquê te afundas nessa melancolia infeliz e a alimentas, de que serve dar vazão à carência, te ruir?

Se o passado passou e o futuro a ti não pertence, que adianta tua ira e que resolve teu ardor, que solucionam tuas expectativas, impaciência e necessidade de fatos e certezas?

Porventura não é na sala de Deus que que há o melhor divã, não é em seu colo e seu abraço o melhor acalento e sua voz não é calmaria?

Ei coração meu desvias de ti mesmo e adentra no Pai. Sente-se em seu regazo, cola teu rosto em seu peito, descansa, sinta tudo se esvair pelo poder de suas mãos, perceba tudo ser preenchido por sua presença inefável e ser silenciado, pacificado ao som da sua voz incontestável.