O retorno ao Centro
Parei.
Não por escolha, mas por um cansaço que me venceu
como se o próprio vazio pedisse trégua.
Percebi, enfim, que caminhar sem rumo
é apenas outro jeito de permanecer imóvel.
Por quanto tempo confundi movimento com progresso?
Corri por labirintos que eu mesma desenhei,
feitos de urgências, ruídos, atalhos sedutores.
E no fundo, o que encontrei?
O eco de mim mesma, frágil e sem respostas.
Foi então que notei: o centro não estava perdido,
eu é que havia me desviado.
A bússola sempre esteve ali,
mas o pó das minhas vontades a cobriu.
Não era o acaso que eu precisava,
mas o eixo.
Aquela linha invisível que não muda,
a voz sutil que ressoa como verdade
mesmo quando tudo grita ao contrário.
Chamar de “Caminho” parece simples demais,
mas é isso:
Uma estrada tão eterna quanto discreta,
esperando por quem ousa parar,
olhar para dentro
e ouvir.
Não encontrei respostas no vento,
nem sinais no horizonte.
O encontro foi no gesto mais antigo:
abrir os olhos para dentro,
e encontrar Aquele que sempre esteve lá.