A visão
O vento sopra forte
Assusta quem está dormindo
Acorda criança no berço
O cachorro fica latindo
O andarilho em passos lentos
Caminha sem direção
A procura de um abrigo
No meio da multidão
O vento judia do pobre coitado
Que treme de frio , mas sofre calado
Onde vai passar a noite, ninguém sabe
Ficará o pobre na rua jogado?
Sua cama é o banco da praça
Muitos passam e acham graça
Ao ver o pobre coitado
Num cobertor xadrez enrolado,
Mas não sei se por ironia ou não
U menino puxa-lhe o papelão
Que o seu banco era forrado
O coitado resmungou
O menino ficou parado
Queria ver o rosto do homem
Que ali estava deitado
Foi um ato de compaixão
Mas o menino tremia de medo
Ao ver o rosto do homem
Ficou assustado, era um rosto conhecido
Parecia-lhe São Pedro!
Já tinha visto aquele homem na igreja
Onde com sua mãe ia rezar
Rosto magro, barbas longas
Ou será que estava a sonhar,
O homem sentou-se no banco
E com o menino conversou,
Não filho , não sou São Pedro,
Mas sou muito conhecido
Estou na pele de todos
Mas não fique aborrecido
O seu sentimento é puro
Por isso teve a visão
Isto é benção de Deus pai
Que está vivo em seu coração
Sou o próprio Jesus Cristo
No meio de seus irmãos...