Bebe meu peito...
Paixões ardidas, bebem esses meus olhos...
Vem e vai, como maré na tempestade;
Vem e vai, as ondas de lubricidade,
Batem nas batidas do peito, ferrolhos:
Paixões ardidas, bebem esses meus olhos...
Desejos fumegantes, bebem juízo...
Como a chuva se alastram na minha fresta,
Escancarando para verem na testa:
O meu sorriso idêntico ao de Narciso.
Desejos fumegantes, bebem juízo...
Pecado escaldante, bebe minha razão...
Liquefação do ser, concupiscência;
Morte da liberdade, da consciência.
Vai o livre arbítrio, vem a impudência.
Pecado escaldante, bebe minha razão...
Avidez fogosa, bebe os pensamentos...
Ela me queima, como a lua si queimou;
Fantasia, como o sol se fantasiou
De veste prata. Nos sórdidos momentos:
Avidez fogosa, bebe os pensamentos...
Fulgurante apetite, bebe meu peito...
Mas não seguiras, não me dominarás mais!
Minha alma, não será mais teu falso leito!
A Graça apaga o que na carne foi feito!
Caridade rutilante, no meu peito!