Princípio de redenção
Livrai-me do ódio, ó Pai da misericórdia!
No âmago carrego a revolta incauta,
Escorrida nas veias da cólera diabólica,
Sinto-me sem razão alguma ser vingado
Uma injustiça etérea impossível.
Curai-me a prepotência humana!
Um servo indisponível ao sofrer
Observando-o nesse vácuo da cruz,
Com as pálpebras no céu quero crer,
Fitando-o no globo lunar
Um pedido sôfrego de total socorro.
Dai-me razão para Amar-te!
Quero ser teu filho, mas o vazio
Sucumbe a minha víscera baluarte;
E sinto uma ausência se Tu não me habitas…
Blasfemo sem falar, só a emoção honesta:
Não há respostas do Teu idioma,
Ainda que Fales com o amor único,
Ouço com o ódio de sangue
Surdo, mudo, e o desespero deficiente.