Sensações...
A chuva gélida rebate na metade exposta do meu corpo,
o céu prateado arrebata minha alma presa na terra molhada,
a água azul me balança como as folhas de uma goiabeira,
e o vento? O vento sopra em meu rosto histórias salgadas!
Eu sinto na boca as memórias desse mar doce e cruel,
nas profundas vagas dessas águas, as algas cantam,
sua canção conta as lembranças dessa terra antiga,
cantiga de dores e amores, de heróis e vilões, de Homens.
E no fundo das nuvens, escondido pela languidez,
o sol fulgaz aparece. Seu calor irradia ondas de luz
nos pelos dos meus braços, sua luz irradia ondas de calor
nas córneas de meus olhos, perpetuando a hipnose.
Quase como um ladrão, ele vem e rouba o frio da chuva,
mas preguiçoso, logo vai-se embora, deixando para trás
a falta de um toque vivo e fulgurante. Contudo, o choro
celestial é bem-vindo, pois vem como facas galantes.
Então abro meus olhos, e vejo o mar cortar duas serras
verdes como esmeraldas, seus sub-tons adornam a cena,
assim como o canto dos pássaros no ar, que leva a pena
da minha alma, condenada a não poder acompanhá-los.
E é neste vestígio de Eternidade que eu vejo a face de Deus,
contemplo seus mistérios e maravilhas, adorando-o por
seus desígnios insondáveis e misericórdias infindáveis.
Quem é glorioso como Tu? Quem é digno de honra, senão Tu?