APOCALIPSE
Há dois mil anos atrás
O Senhor Jesus chorou
Perante o templo e falou
De sua destruição.
Em face da rebeldia
À Palavra que liberta,
Ficaria assim deserta
Aquela ingrata nação.
Jerusalém é invadida
Após o cerco cruel,
Que trouxe prantos e fel,
Fome, morte e muita dor.
A cidade foi arrasada,
O templo foi aniquilado,
Por haverem rejeitado
A Jesus o Salvador.
Mesclada com os juízos
De Jerusalém maldita,
Jesus falou da desdita,
Da sorte de toda a terra:
Terremotos haveria
Em diferentes lugares,
Fome e doença aos milhares,
Destruição, morte e guerra.
Como nos tempos antigos
Dos antediluvianos,
Que o coração dos humanos
Era mal, continuamente,
Hoje a maldade é tão grande,
Tão grande que evidencia
Que se cumpre a profecia
Neste mundo impenitente.
Separação na família:
É o desamor semeado,
Como foi profetizado
Que o amor ia esfriar;
Seria o homem egoísta,
De si mesmo sendo amante,
Desprezando o semelhante
E àqueles que diz amar.
Pais matam filhos e filhos
Há que assassinam os pais;
Depravações sexuais,
Torpe ganância e luxúria;
A mentira e o perjúrio
Andam juntos, lado a lado,
E o pecado é mascarado
Por uma verdade espúria.
A Lei de Deus foi banida
Do professo mundo crente,
Lançando, assim, a semente
Para a descrença e anarquia.
Por fim as hostes malignas
Daquela tríade infernal
Sob os poderes do mal
Conduzem à idolatria.
O mundo foi preparado
Para a colheita da dor,
Para dias de terror,
Pânico e destruição,
Porque tudo o que se planta,
No tempo certo é mister
Que também se vá colher...
E o mundo colhe aflição! ...
O homem escraviza o homem
E violenta a natureza
Explorando sua riqueza
Na busca desenfreada.
Mas um dia tudo passa.
Agora é a reviravolta,
É a natureza revolta,
Dando voltas, desgrenhada;
Como um relógio maluco,
Como um trem descarrilhado,
Como o oceano agitado,
Como estouro de boiada,
Tudo está fora do tempo,
O próprio tempo endoidou
Pois do seu tempo encurtou
Um tempo... E não sobra nada.
A terra treme, convulsa,
Com a boca escancarada,
Escarrando a saraivada
Que ferve no interior.
Os prédios, como maquetes,
Vão caindo, estraçalhados,
E os homens são soterrados
Como em filme de terror.
As montanhas se desmancham
Parecendo gelatina,
E o destino descortina
A mais negra realidade.
Como cruel meteoro
O barranco cria asas
E voa em cima das casas,
E enterra a comunidade.
Em seguida vêm as ondas
De muitos metros de altura
E quebram toda a estrutura
Que criou a mente humana.
Como se fossem bonecos
E coisas de brincadeira,
Transformam tudo em poeira,
Tudo em bagaço de cana.
Os ventos enfurecidos
Fazem escarcéu que gira,
E nada aplaca sua ira
E nada detêm seu grito,
Até bem se saciarem
Vendo pontes retorcidas,
Vendo casas destruídas,
Então voltam ao infinito.
Agora uma negra nuvem
De fumaça bem espessa
O céu da Europa atravessa
Tomando o espaço aéreo.
O homem olha, impotente,
Essa nuvem assassina
Que lá no céu peregrina,
E então vê que o caso é sério.
Uma crise financeira,
Qual o machado feroz
Que vibra na mão do algoz,
Deixa o mundo amedrontado.
Como efeito dominó
Cada nação vai ruindo,
E uma após outra caindo
Nesse caos globalizado.
Presas na teia do mundo
Da mais terrível aranha,
De mãos dadas nessa estranha
Combinação de empatia,
Vão descendo para a fossa
Cantando a canção funérea,
Lamentação da miséria,
Da falida economia.
Diante dessas tragédias,
De fenômenos complexos,
Os homens estão perplexos,
E desmaiam de terror.
Mas ainda permanecem
À Verdade indiferentes,
Rejeitando, irreverentes,
A bondade do Senhor.
Mas, como as dores transpassam
Àquela que está parindo,
As contrações vão surgindo,
E aumentando até sangrar...
Até o relógio do tempo
Zerar o tempo do mundo,
E o cadáver moribundo
Do mal se desintegrar.
Então uma noite cerrada
Encerra a vida na terra
Com seus crimes, morte e guerra,
Deixando o caos para trás.
A multidão dos perdidos,
Sem direito a sepultura,
Jaz. Em completa amargura
Está preso Satanás.
Mas para os santos remidos
A vida é felicidade
Na manhã da eternidade,
O mais brilhante arrebol,
Pois Jesus, o Rei dos Reis,
Desceu para vir buscar
Seu povo para morar
Num lugar além do sol.
Juazeiro, 22 de abril de 2010.
Humberto Cláudio do Patrocínio