Deixa Deus Agir
Por tuas mãos me deixei levar,
Sentia o gosto amargo do fel.
Não sei como pude enfim, suportar
Aquele arremedo de céu.
Vivi minha vida por tua vida.
Não experimentei nada por mim.
Me conduzia amor de forma fingida.
Eu fui tolo, fui cego até o fim.
Eu quis tanto o teu querer,
Que do meu querer nada quis.
Segui querendo sem perceber,
Sem me dar conta do que me fiz.
Sonhei sonhos que não eram meus.
Lutei lutas que me foram em vão!
Por vezes até esqueci de Deus.
Tanto tanto...que fui ao chão.
No fundo do poço eu cheguei.
Pressentia não haver saída!
Por você, da minha vida abneguei
Eu beirava a "pindaíba".
O meu maior tesouro quase perdia,
Que clamando baixinho falou mais alto,
Enquanto o coração tolo batia;
Descompassado, sangrando e exausto.
Meu amor próprio à Deus recorreu,
E n'Ele encontrou proteção.
Resgatou-me das profundezas do meu eu,
E onde havia um vazio, foi preenchido com sua unção.
Interação deixada perante a poesia "Marionete" do grandioso poeta ChagasPires. Visitem-no. Ele escreve com maestria e sentimento puro.