JESUS, MARIA E JUDAS!
Naquele dia, diante dos gritos
Da ensandecida multidão
Ergue os olhos para os céus
E ora em extremo silêncio
Como se nada ali existisse
Caminha pelas ruas estreitas de Jerusalém
Contrita com as mãos ao peito
Segue Maria de Nazaré
Num diálogo impressionante
Sem expressar palavras
Comunica-se com o filho
Através do olhar comovedor:
– A tua hora chegou! – Diz, com a voz embargada e serena...
– Teu pai está aqui.
– Eu sei, mulher!
– Não temas, querido, seguirei ao teu lado.
Numa firmeza intraduzível
Sabia ela que tudo estava prescrito:
Aquele que em seu colo embalou
Sangrava e, humilhado pela “escuridão”
Seguia ambos numa vivência de fé inenarrável.
Não teme a escuridão
E segue ao lado do filho amado
Sem ouvir os impropérios
Sem ver os açoites
Com o olhar translúcido, silencia...
Junto com outras Marias
Amparada por uma energia Divina
Dialoga com Jesus
Numa esfera de alma superior
Até ouvir o bater dos pregos no madeiro
E ouvi a voz da sua boca: Mãe!
Ela desperta àquela voz inesquecível
Ecoa trazendo-lhe de volta aquele ambiente hostil
Atravessa seu corpo
E a palavra “mãe” invade seu espírito
Firme Maria
Numa emoção de um ser ali amparada pela luz
Ouvi, mais uma vez:
– Mãe! És o teu filho.
– Filho! És a tua mãe.
Ela, obediente, abraça João
Na certeza de estar abraçando aquele que se despedia
– Vai filho, teu pai o espera.
A tirania dos corações e mentes
Mergulhada numa sede de vingança
Transformou aquela tarde na maior tragédia humana
As crianças, imersas na ignorância
Crucifica o filho enviado pelo Criador
Maria sabia
E acompanhou seus últimos passos
O planeta, Rabbi, jamais será o mesmo
A semente que plantastes irá germinar
Glória te rendemos
A cruz será o símbolo do caminho a percorrer
Aquele que quiser salvar a sua vida terá que te seguir
– Vá em paz, filho. Teu corpo despetala hoje.
[Mas, ninguém tem o poder de matar o amor que meu útero gerou.