A presente ausência

Não se pode negar o vazio,

O vácuo, a ausência;

O rombo em nossos corações.

Até a inexistência são os rastros da Memória.

Ainda não enxergarmos o vazio como uma gleba por causa do grito da matéria, rangendo os dentes com raiva do despertador: a existência; contudo os seus fundamentos nos acerta no estômago.

A Verdade nos vomita causando fome de Pão quentinho. A gleba nesse instante é uma mesa, e também escrivaninha, e a assim a vida se reconstrói.

Como se houvesse um buraco negro em nossos corações de bússolas, uma fera faminta, um limite infinito perene como A(h)orta.

Com nascente no coração do Verbo e foz na Eternidade à caminho da Voz,

em busca da Sua Face.

Precisamos recuperar a rota, calcular os rumos e azimutes, e alinhar-se no imutável.

Por enquanto é um sussurro e lampeja, expandindo os anseios da Chama que não morre e nos reapresenta o gênese no pó das cinzas,

Que somos nós.

Até que alarme a aguardada Hora;

e o Despertador nos conduza de volta ao Jardim.

Bianca Liberato
Enviado por Bianca Liberato em 04/12/2022
Reeditado em 05/12/2022
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