Tempo
Em um tempo passado
Fui como qualquer criança.
Vivendo e sorrindo despreocupado,
Tendo, nos pais, plena segurança.
Hoje, já crescido, posso ver
O mundo que passa e passou.
As memórias entre o esquecer
Dos dias que o tempo levou.
Tantos sorrisos e tristezas;
Amigos e familiares,
Perdidos nas correntezas,
Da vida e seus findares.
Lembranças que aquecem
De bênçãos e compaixão.
Lágrimas que não desvanecem,
Das dores de uma aflição.
E o tempo continua a passar,
Deixando cicatrizes e curas.
Mas nunca se pondo a esperar
Os bons dias ou noites duras.
A cada dia, um novo anseio
De um mundo acelerado,
Com afazeres que nem nomeio.
Já se foi o infante despreocupado.
Rogo ao que do tempo é Senhor
Que não me deixe nas correntezas,
Para acabar sem tempo nem vigor,
Perdido em aceleradas incertezas.
Mas que eu possa contemplar
O tempo e suas muitas notas.
Como uma bela música a tocar,
Cantando as vitórias e derrotas
Que as estrelas brilhem em meu olhar,
Sintonizadas com a Luz em meu coração.
Que eu jamais venha a me cegar.
Para a grandeza desta eterna canção
E quando meu peito não mais acompanhar
O ritmo desta graciosa sinfonia,
Que eu, ao menos, consiga aos outros cantar
Sobre o compositor de toda a alegria.
E que minha lápide seja um hino
De gratidão, temor e consagração,
Ao bom, eterno e santo Rei Divino,
O compositor de toda a criação.