Caminhar

O tempo não se importa.

Se corri em busca do incerto.

Se há poeira em meu pés.

Calos em minhas mãos.

Ou se enfrentei os medos e atravessei aquela porta.

Irá passar.

Uma nova manhã, em algumas horas.

A luz se mostrará.

E mesmo que tente fugir.

Sair por aí.

Fingindo não me importar.

Não tenho para onde ir.

A não ser ficar.

Buscar no que é eterno.

Os motivos para continuar de pé.

Certo de que o alvo.

Este não mudou.

Continua lá.

Se perdido estive.

A jornada não me cegou.

Mesmo caminhando sozinho.

Um fugitivo.

Com os olhos fechados.

Um cego a tatear na escuridão.

Em busca de algum descanso.

Qualquer pão.

Prisioneiro de suas decisões.

Dos seus amores.

Cansado das dores.

Vendo uma tempestade se formar.

E com receio, de para onde mais esta o levará.

Flávio Crisler
Enviado por Flávio Crisler em 11/11/2021
Código do texto: T7383344
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