Tulipa
Flor minha e amada minha,
De mim desviaste o olhar.
Olhaste a erva daninha,
A ela deste teu amar.
Em espinhos te deitaste.
Violando o puro seio,
O teu cerne esvaziaste.
Porém minha te nomeei.
A ti dei minha aliança,
Em teu anelar a selei
Dando-te minha esperança
Ainda que teu coração
Consiga subir a pena,
Removerei o teu grilhão.
Noiva minha, pomba eleita,
Dentre muitas, escolhida.
Pelo Autor, feita perfeita.
Da morte, fostes obtida.
Pois com o vinho abrasado,
Tirei tua iniquidade.
Expiei teu vil pecado.
Dos espinhos te resgatei,
Neles, o meu sangue verti,
Minha ovelha te declarei.
Pela rocha, te conduzi.
Pois a ovelha segue a voz
Do seu Senhor que a conduz
Para longe do lobo algoz.
Ainda que tuas pernas
Vacilem pelo caminhar,
Cubro-te nas minhas asas,
Sem jamais te desamparar.
Por minha força, vencerás!
Juntos, perseveraremos.
No celeste, enfim, pousarás.