A CAPELINHA DA LAJINHA
CAPELINHA DA LAJINHA
No alto da serra, localizada ao nascente do povoado da Lajinha, João Paulo de Oliveira Zimzim, e seu amigo Apolinário Viana, se aventuram na construção de um templo religioso para ali realizarem missas e apresentarem as encomendações dos falecidos da região.
A construção foi iniciada em 1942, sendo essa de adobo, pouco tempo durou, após uma trovoada, logo desabou, Zimzim, mais uma vez insistiu na construção da benfeitoria, não hesitou em convidar novamente Apolinário, para reerguer o templo, não tendo o respaldo desejado, dirigiu-se aos pés de seus filhos suplicando a ajuda necessária para reconstruir o sacro lugar, dessa vez construiriam de pedra, para longo tempo permanecer de pé.
Era um tempo difícil, a condição do povo era pouca, mas doações de feijão, farinha e milho não lhes faltaram para reverter em compras de materiais para colocar na construção, madeira também foram doadas, chegando ao fim da edificação, João, duas reis precisou vender, mesmo sem a família saber... pois sentia que a sua contribuição arraigada na fé precisava vencer.
A capela edificada em novembro de 1951, no pico da serra, atrás das montanhas, no povoado de Lajinha, inspira um lugar de retiro espiritual, e na figura de Zimzim, subindo a montanha para a reza do terço percebe-se a semelhança da manifestação do gesto divino vivido por Jesus de Nazaré, em Jerusalém quando citado nas escrituras sagradas, que ao monte das Oliveiras seguia para o encontro com o pai.
A inauguração da capela se deu em novembro de 1954, com solene festividade, engrandeceu a oportunidade a ilustre visita do Exmo. Sr. Bispo Dom Jackson, que na oportunidade ofertou a capela, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, para seguirem a devoção, passando essa a ser a padroeira daquele agreste chão.
Em 1965, com a morte de Zimzim, Salú conduz a devoção rezando o terço uma vez por mês, algumas senhoras também se agregam a missão ajudando na reza do terço e na animação, cantando os cantos populares sedimentando a devoção.
De 1967 a 1978, dentre as Senhoras que ajudavam na condução da devoção, Alaides Dantas se colocou à disposição, naquela ocasião, Salú chegava na capelinha antes das 9h da manhã e esperava Alaides para começar a oração e ali seguiam intercalando oração e cantos até o chegar da tarde onde findavam a profissão.
Em 1995 Napoleão e sua filha Dalvinha, lideram a atividade de evangelização num molde mais dinâmico e expansivo, dinamizando a tradição da devoção Mariana no mês de maio, passaram a levar as casas do povoado, a imagem de Nossa Senhora iniciando no dia primeiro de maio visitando as casas, conduzindo a reza durante todo o mês, finalizando no dia 31 de maio com o retorno da imagem à capela, realizando ali a celebração da missa, coroação de Maria e realização de batismos.
Atualmente a capelinha está solitária, quebrou-se a tradição, assumir a fé e acompanhar aqueles que a frente da devoção se dedicavam tornou-se agora um desafio para o povo que se modernizou não reconhecendo que religiosidade popular é também tradição que dissemina valores cristãos e reestabelece a paz nos corações.