No Centro da cidade
No Centro da cidade, cidade grande de coração dolorido,
alguém pintou a imagem de Nossa Senhora num muro.
Pintou no muro e nada mais. Nem uma palavra, nem outro desenho.
Só ela.
A chuva e o sol vieram; também as noites frias.
Cães e gatos passaram por lá e fizeram suas necessidades —
bem como alguns homens também.
Teve quem não gostasse e riscasse, sujasse, rasurasse a imagem,
e o dono do bar resolveu ali colar suas propagandas.
O tempo passou e a imagem foi ficando fraquinha, quase sumindo,
mas lá permaneceu.
Permaneceu até que eu passasse apressado e, num relance, a visse.
Quão linda era ela!
Detrás de tanta sujeira e descaso, ela ali permaneceu
como num lembrete para mim;
lembrete de que, ao final,
sobre todo pecado e desordem,
seu Imaculado Coração triunfará!
Emocionado, fiz o Sinal da Cruz e,
rezando uma Ave Maria,
segui o meu caminho na esperança de que, um dia,
a Virgem Santa Maria verei com seu filho Jesus!