Desabafo de um poeta, ante a vaidade do mundo.
Vaidade de vaidade disse o sábio poeta.
Quando viu que o mundo rejeitava a sabedoria.
Pois preferiam o falaz saber do falso profeta.
E o seu ser sofria, pois a vaidade é sem valia.
E ainda hoje a vaidade impera no mundo temporão.
Pois muitos em vaidade professam a humildade.
Falam em amor, mas são duros egoístas de coração.
Amam porque querem o céu ou um lugar na eternidade.
Outros dizem que louvam a Deus, e que amam servir.
Mas na realidade cuidam do bolso e da própria economia.
Pois o tilintar do metal é a sua meta, é o que o faz sorrir.
Mas Deus olha aquele que serve, e não quem se beneficia.
Outros se ajoelham em orações egoístas, pra deleitação.
E ainda na falsidade das profecias pedem fidelidade.
Mas não são fiéis ao próximo, e nem ao Senhor da criação.
Acumulam tesouros na terra, explorando a religiosidade.
O triste é que esquecem que a vida é um hálito vapor.
E os que se alimentam da vaidade, e não da sabedoria.
Sumirá como some a fumaça sem memória e sem valor.
E na vida que tem a medida exata, o vaidoso é sem valia.
E se o poeta de hoje na pena que escreve algo aprendeu.
É que mais vale a dor de proclamar ao amor e a sabedoria.
Do que se esvair na vaidade do hálito morto, que se vendeu.
Pois o servir e o amor é, em suma toda lei e toda a profecia.
(Molivars).