Agostinho Ensinava a Noção de Igreja Invisível?
A noção de Igreja invisível pode ser tomada em direções diferentes, uma mais moderada e outra mais radical: pode-ser ver mais unidade ou mais tensão entre o visível (a instituição, a hierarquia, a membresia, o rito) e o invisível (o destino eterno). Por isso, antes de que pergunte se o Doutor da Graça apoiou ou mesmo originou a noção de Igreja invisível, é preciso afastar noções mais populares e menos elaboradas desse conceito. Trata-se de um teólogo — o maior da Igreja antiga.
Na sua versão mais moderada, a distinção entre Igreja invisível e Igreja visível é simplesmente a distinção entre aqueles que herdarão a vida eterna (desconhecidos a nós, um número invisível) e aqueles que simplesmente são membros da Igreja (conhecidos a nós, um número visível). Na versão mais radical, Cristo só está presente na Igreja invisível, que é a única e verdadeira Igreja, a única que tem um ministério válido. Trata-se de uma concepção mais concreta, objetiva, sacramental, de continuidade, e outra mais platônica, subjetiva, interior, de ruptura. Por isso, essa segunda versão é a única que aparece nos debates entre católicos e protestantes, já que é a única que serve à polêmica.
A versão moderada, curiosamente a menos platônica, parece capturar adequadamente a eclesiologia de Agostinho. Por um lado, ele — como todos os pais da Igreja — acredita que esses estão vinculados à Igreja (cidade de Deus) pelos sacramentos:
Assim também a cidade de Deus, enquanto peregrina no mundo, tem alguns, conexos na comunhão dos sacramentos, que não habitarão na herança eterna dos santos. (…) Na verdade, essas duas cidades estão confundidas neste mundo e misturadas [permixtae] até que o juízo final as separe.
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Palavras-chave: Deus, Igreja, Cidade, Agostinho, Comunhão, Católicos, Protestantes