Mãe(Pela ocasião da Assunção de Maria)
Ó Mãe, eterna vela
Aberta ao Vento
Eterna vela
Toda pavio
Eterna vela
Toda anteparo,
Toda cuidados conosco
Nosso estandarte estrelado
Sobre a terra
Sobre a lua
Sob o Sol
Sob o Fogo
Quase só fogo
Pouco de si que era
Ó Mãe, eterna vela
Aceitou o grão da Palavra
Avorada, por nós,
A ser ponte entre Semente e Fruto;
Deus e Deus,
E a sofrer o espinho na alma
(Mas nem três dias o luto!)
Ó Mãe, eterna vela
Desceu de si
Aos Céus erguida
Mostra teu Filho
Dá-nos guarida
Ó vela eterna
Ó flor garrida
Em ti o Fogo não vacila
E a Brisa leve mais o incendeia
Vela toda pavio
Virgem toda candeia
O Vento que sopra do Porto
É o mesmo que até Lá te leva
Sangras ao contemplar o Horto
Singras sobre o mar que eleva
Grávida, ficou mais leve
Revolta, nem a mais breve
Teu Sim é gerúndio
E eterno dura
O Criador na criatura
O Filho na Mãe
A Mãe com o Filho
O Fogo na lenha
A lenha com o Brilho
Que nem é dela
Despojamento de si
Que a faz mais bela
Obra de arte
Que sabe ser
Só tela
Frutificou ficando flor
Fruta do Fruto que deu
Filha do Filho seu
Por nós rogais
Que o Unigênito
Venceu!
Com autoridade de mãe
E em filial humildade
Exorta toda a humanidade
A fazer como tu
Para dizermos no fim
Por começarmos já, sem espera:
“Incendiei-me no Senhor
E o que de mim sobrou
É mais do que eu era”
Pois a alma, queimando em Deus
Não se desgasta
Quanto mais queima
Tanto mais vasta
Ó Mãe, eterna vela
Aberta ao Vento
Eterna vela
Toda pavio
Eterna vela
Toda anteparo
Toda cuidados conosco
Nosso estandarte estrelado
Sobre a terra
Sobre a lua
Sob o Sol
Sob o Fogo
Quase só fogo
Pouco de si que era
Ó mãe, eterna vela