Mãe(Pela ocasião da Assunção de Maria)

Ó Mãe, eterna vela

Aberta ao Vento

Eterna vela

Toda pavio

Eterna vela

Toda anteparo,

Toda cuidados conosco

Nosso estandarte estrelado

Sobre a terra

Sobre a lua

Sob o Sol

Sob o Fogo

Quase só fogo

Pouco de si que era

Ó Mãe, eterna vela

Aceitou o grão da Palavra

Avorada, por nós,

A ser ponte entre Semente e Fruto;

Deus e Deus,

E a sofrer o espinho na alma

(Mas nem três dias o luto!)

Ó Mãe, eterna vela

Desceu de si

Aos Céus erguida

Mostra teu Filho

Dá-nos guarida

Ó vela eterna

Ó flor garrida

Em ti o Fogo não vacila

E a Brisa leve mais o incendeia

Vela toda pavio

Virgem toda candeia

O Vento que sopra do Porto

É o mesmo que até Lá te leva

Sangras ao contemplar o Horto

Singras sobre o mar que eleva

Grávida, ficou mais leve

Revolta, nem a mais breve

Teu Sim é gerúndio

E eterno dura

O Criador na criatura

O Filho na Mãe

A Mãe com o Filho

O Fogo na lenha

A lenha com o Brilho

Que nem é dela

Despojamento de si

Que a faz mais bela

Obra de arte

Que sabe ser

Só tela

Frutificou ficando flor

Fruta do Fruto que deu

Filha do Filho seu

Por nós rogais

Que o Unigênito

Venceu!

Com autoridade de mãe

E em filial humildade

Exorta toda a humanidade

A fazer como tu

Para dizermos no fim

Por começarmos já, sem espera:

“Incendiei-me no Senhor

E o que de mim sobrou

É mais do que eu era”

Pois a alma, queimando em Deus

Não se desgasta

Quanto mais queima

Tanto mais vasta

Ó Mãe, eterna vela

Aberta ao Vento

Eterna vela

Toda pavio

Eterna vela

Toda anteparo

Toda cuidados conosco

Nosso estandarte estrelado

Sobre a terra

Sobre a lua

Sob o Sol

Sob o Fogo

Quase só fogo

Pouco de si que era

Ó mãe, eterna vela

David Ariru
Enviado por David Ariru em 21/08/2020
Reeditado em 27/08/2020
Código do texto: T7042064
Classificação de conteúdo: seguro