Caminhos
Posso ouvir a voz distance
Chamando, chamando
Não há muito para se ver
Quando não se pode ouvir
Não há nada a ganhar
Tão distante do verdadeiro lar
O canto e o pranto
Clamam ambos com espanto
Pela sua graça
Em meio a toda essa traça
Enredado fui por laços
Feitos de trapos
Pelas minhas mãos sujas
Este rosto cheio de rugas
Estes olhos meio cegos
Estes braços tão fracos
São traços esculpidos no barro
Na primeira esquina
Segui o caminho largo
Encontrei seres estreitos
Que clamam dia e noite à lua e ao sol
Enquanto se escondem do Farol
Na segunda esquina
Vou pelo caminho estreito
Onde encontro seres amplos
Até mesmo nos cantos
E sempre são consolados os prantos
No segundo caminho há um Farol
E os homens já não clamam mais à lua e ao sol
No segundo caminho há uma Luz
E essa aponta pra uma Cruz
Que não pode ser vista de longe
Ou por aquele que se esconde
No segundo caminho há um Rio
Que alegra minha cidade
E flui para a eternidade