O Bom José
O Bom José
Andava o bom José assoberbado
A estranhar-se com tanta encomendeira
Era berço, era cama, era mesa,
Era caixote, era banco, era cadeira
Que ele – que só tinha um ajudante,
Já pensava em contratar quem quer que o queira.
Nesse cismar, distraiu-se o bom velhinho
E aplicou violento golpe em seu dedo
Nem pôde esconder a pataquada
Não conseguiu do seu penar fazer segredo
Acudiu seu ajudante num instante
Soprando firme sobre o dedo dolorido
A dor cessou só de ver o riso infante
Que socorreu na mesma hora o pai ferido.
Seu pagamento foi um forte e quente abraço
Não era nada além disso que ele queria
Deus nos socorre, recebe nosso cansaço
Ele transforma nossa dor em alegria.
E veio a MÃE, que também se preocupara
Com uma cuia de um chá de massanilha
Daquela dor já mais ninguém se lembrava
Pois ali estava a mais sagrada das famílias!