ZAQUEU


 Sentia-se indigno
de merecer atenção.
 
Queria só vê-lo de perto.
Não o tocaria
nada lhe diria
apenas olhá-lo queria.
 
Misturou-se à multidão
para ver o Mestre passar
- era tudo o que desejava -,
mas lhe faltava estatura.
 
Correu adiante de todos
e, à beira do caminho,
em uma árvore frondosa
subiu feito um menino.
 
Queria ser invisível!
 
Escondeu-se na ramagem
encolheu-se na quietude,
mas um olhar o tocou
e uma voz o alcançou:
“Zaqueu, desce depressa,
preciso ir à tua casa”.
 
Coração em brasa...
Sentiu que tinha valor.
Obedeceu,
sem olhar para trás,
e a vida, cheia de desvios,
encontrou o caminho
a esperança e a paz.


Do livro TERRA SANTA - Um passeio poético - p. 33