É tarde
É tarde...
O dia já declina
Vem a noite,
Na Estrada tão deserta
O sol,
beija a face das montanhas
Muito além,
Das colinas que ladeiam
A Formosa, a desejada,
Jerusalém.
É tarde...
A noite se aproxima,
Dois homens e uma só tristeza,
Na quase noite
A dor também caminha.
Na estrada apenas a certeza
Que a barbárie
Então acontecida
Sobre a tosca Cruz
O homem,
Por demais conhecido e venerado,
Ei-lo pendido, inerte
Está o corpo,
Sem movimento,
Nenhum alento
O morto,
Ao túmulo dos ricos
É posto!
-Porque tão tristes
Pelo caminho vais
Pergunta alguém
Que, de repente
Deles se aproxima;
- E esta dor
Tão posta, tão tamanha,
Que desespero ou incerteza
Assanha?
-És por acaso oh ilustre
Viajor?
- Responde eles
À personagem estranha,
- Do ser vivente o único
A não saber
Que há três dias
Se foi, morreu,
Sobre a pesada Cruz
A esperança,
Daquele que pregava o amor?
E o viajante explica
As escrituras:
A lei, os salmos, os profetas
Que em todo tempo
Tiveram como meta
Os sofrimentos, inglória
Morte!
Do Cristo vivo
Filho do Deus Pai.
- Fica conosco Salvador bendito
Que ao partir do pão
Na estalagem,
Se revelara a todos na oração
Aquele, que há três dias
Fora morto
E para sempre
Eis enfim,
Ressuscitado o corpo!
Olympio Ramos