Corvo Impuro
O corvo que viaja sem cor por céu,
Que procura o sabor de mel,
Que carrega consigo um anel,
Que procura alguém digno de um véu,
Quantos mundo tive que visitar,
Quantas vezes me perdi pra me achar,
Achando que estava correto,
Mas que aproximava mais do concreto,
E concretamente,
Estava mais perdido que um cego crente,
Tentando seguir em frente,
Tive uma chance sagrada,
Uma ave branca com um toque de amada,
E como ela voava,
Pairava,
Sua calda balançava,
Sua beleza me encantava,
Me salvou de um mergulho,
Me tirou do próprio orgulho,
Eu fagulho,
Faço barulho,
Encho-a de orgulho,
Quem possibilita a passagem para outro momento,
Que a vida passa rápida de um jeito lento,
E eu tento,
Eu tento,
Viver infinito,
Sair do próprio mito,
E finitamente ser,
Um novo ser,
Mas não deixar de ser,
Quem você escolher,
Predestinação de fazer,
Fazer viver,
É ser
Você,
Hoje um corvo que paira em céu desconhecido,
O céu estrelado mais florido,
E meu amigo,
Como pode uma divindade acatar tanta maldade,
Saber quem eu era de verdade,
Que cederia cedo ou tarde,
Dele uma parte,
Eu dei ódio e ele amor,
Dei frieza e ele ardor,
Chamei de inimigo e ele de Senhor,
Qual o problema com esse redentor?
Ele acredita nesse sonhador?
A maior ironia é a onipresença,
De saber que existe crença,
Me ajude, me convença,
Arruma essa desavença,
Benção ou maldição?
Ajuda ou sermão?
Ele me mandou um único irmão,
Que se tornou meu pássaro canção,
Viajei por um céu murmurante,
Afligido por dor constante,
Sentindo o próprio Dante,
Mas aprendi a olhar adiante,
Digo quem sou eu pra onde irei,
Servindo a tal rei,
Sempre tentarei,
Nunca renunciarei,
Desisti mas não Ele de mim,
Acreditou até o fim,
E enfim,
Sou livre afim,
Me enviou minha metade,
E com toda sinceridade,
Eu a amo de verdade,
Deus é misterioso,
Divinamente misericordioso,
Que mesmo odioso,
Me deu um bem amoroso,
Parece tenebroso,
Arrepia até o osso,
Mas moço,
O senhor é convosco,
Bom demais pra qualquer mortal,
É um desejo imortal,
Que mesmo minúsculo refletir como tal,
Irei,
Orei,
Me salvei,
Mas ei,
Mais que um julgamento de ofício,
É mais que um mero início,
Sou um cordeiro que sangra,
Sou um filho que ama,
Um servo que não se engana,
Pois com Ele venço qualquer gana,
Não preciso nada de fama,
Apenas de colocar meu peso sobre a cama,
Quando ei de ser profundo,
Só mais uma alma nesse mundo,
Um ser humano moribundo,
Vivendo vividamente um luto,
Eu luto...
Eu luto,
A vida é o caminho pra morte sem volta,
Sem dar meia volta,
Segura minha mão e não solta,
É viver sem folga,
Você morre até a gota final,
Ou você vive até a morte de modo fenomenal?
Há sangue, há dor,
Há pecado, há temor,
Mas acredite no seu Salvador,
Comparado universo,
Somos só um verso,
Mas eu confesso,
É muito bom viver confesso,
Somente um corvo impuro,
Puramente duro,
Duro comigo,
Duro consigo,
Meu amigo,
Eu consigo!
Sou impuro e merecedor,
Vendedor de qualquer dor,
E entre a vida e a morte,
Só cabe em minha alma refletir o seu Amor.