IRMÃO FRANCISCO

São Francisco de Assis, aquele a quem consagro

Esses versos que são singelos padres-nossos,

É um varão esguio, um cavaleiro magro,

Tão magro que o burel lhe assenta sobre os ossos.

Nada possui além do farrapo que o cobre,

nada busca a não ser o tesouro do Bem;

na terra em que nasceu não há ninguém mais pobre,

ninguém mais compulsivo e mais puro. . . Ninguém!

Sua palavra é flor para este mundo velho,

perfuma o coração da gente dura e avara,

atualiza, revive, a letra do Evangelho,

orvalha do Senhor a mística seara. . .

Para ele são irmão o próximo e o distante:

“Meu doce irmão leão”, “meu doce irmão rouxinol”,

E se queda a rezar, embevecido, diante

do mundo que Deus põe num retalho de sol!

Irmão de todo ser, das pedras aos poetas,

Irmão dos que não têm linguagem nem queixume,

dos pobres, dos vilões, dos tristes e dos ascetas,

espalha a compaixão assim como um perfume.

A linguagem do céu que é feita de ternura.

que é feita de silêncio, ele sabe falar;

confidente da flor, do pássaro da altura,

do lobo da montanha e da estrela do mar!

Afonso Schimidt (1890 - 1964)
Enviado por Miguel Toledo em 04/11/2018
Reeditado em 04/11/2018
Código do texto: T6494059
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