A Grande Doação
A cegueira de Bartimeu turva meus olhos
Em exaustão
Retomam as pedras que largaram
Expectoradas ardentes
Agora contra mim
Que mais posso dar?
A sede do poço
Queima minha garganta
O mar que lhes abri
Fecharam sobre mim
Que mais posso dar?
Comam as mãos que multiplicam os pães!
Se apoiem na minha queda!
Bradem o seu desespero
Por uma única garganta
Que mais eu posso dar?
Dei os peixes? Dou o Pescador
Dei a moeda? Dou o Publicano
Que mais posso dar?
Despido de tudo
Sem pele ou realeza…
Ou mesmo humanidade visível
Vivendo a morte de que resgatei
Padecendo da lepra aberta na pancada
Ainda falta algo… Alguém!
Que mais posso dar?
Eis a Mãe que só um Filho mereceu
Recebei dela o que me tiraram
Porta que não abre ou abrirá…
Eis aí os teus pães
Una-os à minha massa
À minha messe
Pois para passar pela porta do Céu
Somos nós que devemos nos abrir