A Grande Doação

A cegueira de Bartimeu turva meus olhos

Em exaustão

Retomam as pedras que largaram

Expectoradas ardentes

Agora contra mim

Que mais posso dar?

A sede do poço

Queima minha garganta

O mar que lhes abri

Fecharam sobre mim

Que mais posso dar?

Comam as mãos que multiplicam os pães!

Se apoiem na minha queda!

Bradem o seu desespero

Por uma única garganta

Que mais eu posso dar?

Dei os peixes? Dou o Pescador

Dei a moeda? Dou o Publicano

Que mais posso dar?

Despido de tudo

Sem pele ou realeza…

Ou mesmo humanidade visível

Vivendo a morte de que resgatei

Padecendo da lepra aberta na pancada

Ainda falta algo… Alguém!

Que mais posso dar?

Eis a Mãe que só um Filho mereceu

Recebei dela o que me tiraram

Porta que não abre ou abrirá…

Eis aí os teus pães

Una-os à minha massa

À minha messe

Pois para passar pela porta do Céu

Somos nós que devemos nos abrir

João Antonio Heinisch
Enviado por João Antonio Heinisch em 12/10/2018
Reeditado em 12/10/2018
Código do texto: T6474493
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