O Caminho
O Caminho caminha, por campo, cidade,
anunciando, da missa, a outra metade;
rasgando máscaras de ocultar verdade,
tantos ouvem, mas, o mal inda persuade
e perdem o pé pra não perder a vontade;
O Caminho acena com o ditoso horizonte,
de lambuja, entremeio, uma límpida fonte;
e antes do embarque no barco de Caronte,
sonegam cordas para escalada do monte,
onde desejos são muros, e, a cruz é ponte;
O Caminho tem pedras, é rústico, estreito,
mas, dá predicados nobres, ao vil sujeito;
malgrado, todo um pretérito imperfeito,
e, um arsenal de culpas alojado no peito,
recobre de Águas Vivas a secura do leito;
O Caminho paciente, ainda fala de amor,
acena para indignos Seu mui digno favor;
os que não provaram desprezam o sabor,
o fogo da forja ainda arde, o purificador,
lhe fogem da luz, pra ser reféns do calor...