PEQUENINA MÃO

Pequenina mão de Deus em mim,
Dá-me o afago de tua plenitude.
Esqueçamos o apelo da onipotência,
Que o Amor tudo pode, tudo engendra,
Mas o Mal faz o mesmo, com estridor
E a vantagem imérita de sutil sedução.
Pequenina mão de Deus que me afaga,
Para que concepções de uma grandeza
Descabida, oh, Senhor dos Exércitos?
Para que Exércitos, para quê?
Se quando és suave e pequenino,
Mais tu me assomas difuso no Imenso?
Pequenina mão de Deus em mim,
Brandamente conhece o meu saber de ti!
Que isso mais me resigna que todo o saber
Do Universo que criaste com um sopro.
A Luz que ordenaste somente mostrou
Que o saber é apenas estar em sintonia.
Pequenina mão de Deus em mim,
Quando eu me for com as estrelas,
Quero que fiques, pois o meu feito
Pouco mais acresce que uma sombra;
Outros descobrirão que o Universo
É um perene desafio de tua Criação.
Pequenina mão de Deus em mim,
Dá-me a certeza redentora de liberto
Da Magia e de meu sonho de grandeza,
Pois hoje sei que não é assim que se
Busca a essência do desvendar-se,
Do enigma de teu exemplo de ser em ti.
Pequenina mão de Deus em mim,
Quando passares a alisar os séculos
Dos séculos e me encontrares em paz,
Entende que eu nada sou diante dessa
Tua magnânima conformação, que ser
Pequeno é ser bem capaz do todo em si.
Magnífico Senhor dessa pequenina mão,
Se mais te aprouver, nota que esta paz
Busca em ti por reverencial inspiração.