O Nada
O nada, que era o nada, transformou-se em nada.
O nada, por nada, formou-se em nada,
e o nada, do nada, veio ao nada.
O nada, que é o nada, fez mais nada ainda.
O nada por nada do nada fez
a vida, a luz, os homens, os animais,
os alimentos, os rios, as terras,
as estrelas, os sóis, os luminares.
Ora, o nada é poderoso;
retira seu poder do nada.
Nem de força, nem de eletromagnetismo
o nada tirou seu poder, mas, sim,
do nada.
O nada criou o nada e o nada
foi criado a partir do nada.
Não havia sequer adjetivação,
mas o nada já estava lá,
sem forma, tamanho ou gosto.
O nada evoluiu em nada
e foi transmutado em bilhões
e trilhões de anos.
O nada veio do nadismo,
e o nadismo nas direções
do nada e criaram nadistas.
O nada evoluiu em macaco,
e o macaco, do nada, sem motivo algum,
evoluiu para um homem de nada.
O nada, em nada, criou o nada,
nasceu no nada, viveu em nada
evoluiu para o nada
e nada no oceano da inexistência.
O nada é nada, e nem palavra
se tem para descrevê-lo.
– No princípio, criou o nada o nada no nada;
e o nada era sem forma e vazio.
No princípio era o nada,
e o nada estava com o nada,
e o nada era nada.
Ele estava no princípio com o nada,
nadas das coisas foi feita por ele,
e sem ele nada se fez nada –
Obrigado por tudo, nada:
de nada (não teria mesmo de quê)!