O Sino

Doce sino a bater no campanário

Pertinaz despertador da alma sonolenta

Ocasiões diversas és tu o mestre de cerimônias

Cadência cândida que avisa e acalenta

Nos batismos tu gritas lá do alto

Que mais um no Corpo Santo se enxerta

Que dali há de brotar novo cristão

que bradará sobre o Messias às almas desertas

Nos casórios hás de ser o anfitrião

daqueles que contemplam a fusão dos corpos amantes

Anuncias festivo a chegada dos anjos

Celestes mensageiros do divino artífice

Empurram-te ao trabalho quando ameaças parar

E se paras, ressoa-te no fundo das almas

O que és tu na morte , ó sino?

És a triste trilha sonora da infausta passagem

Ecoas no além em aviso da alma que adentra

a saber se viverá ou morrerá eternamente;

Ao tic-tac das horas serves

Às impacientes madames faz-se grito

Ao medievo, eras a conta dos momentos vitais

Se avisas da Missa que se inicia

Ou se avisas do Trem que parte ;

Ainda que avises o cortejo fúnebre

Em verdade és o corneteiro das grandes jornadas