O Sermão da chuva
Quando se movem as nuvens
Inflam, fervem e se desdobram
Sobre a terra soçobram em temível majestade
Enunciam em voz terrível
"Deus vê e Deus sabe"
Quando o solo poeirento
Sente o vento se agitar
Estica os beiços e a língua
Para provar o cadente Maná
Rege com Amor, novo salmo de louvor:
"Deus protege e proverá"
O sabre do trovão orgulhoso
Brada no céu em ressaca:
"Deus é poderoso: O Alfa, O Ômega,
Aquele que vem, Aquele que basta"
E quando acaba a tormenta
Em tépida precipitação
Prega a garoa humilde:
"Deus é Manso de Coração"