A Catedral
Senhor, se eu pudesse
Com minhas mãos modelar
Riscar no vento linhas de gesso
Coagulando mármore a partir do ar…
Se as gárgulas dos meus pesadelos
Os anjos e santos de grandes portentos
De mantos e tendões rochosos
Saltassem do devaneio e do vernáculo
Rasgando os céus até os pináculos
Da nave que faria para Vossos Olhos
Se tivesse tal talento…
Se do estrondo das palmas
Eu conjurasse o espanto dos vitrais
Em brilho, luz e resplendor para as almas
Nada te pediria mais
Todavia o que ofereço é de tinta e de papel
É palavra submissa e escrava
Ao Verbo da Boca de Deus
Com sangue que corre desde o céu
Como brilhante e profuso magma e lava