A Catedral

Senhor, se eu pudesse

Com minhas mãos modelar

Riscar no vento linhas de gesso

Coagulando mármore a partir do ar…

Se as gárgulas dos meus pesadelos

Os anjos e santos de grandes portentos

De mantos e tendões rochosos

Saltassem do devaneio e do vernáculo

Rasgando os céus até os pináculos

Da nave que faria para Vossos Olhos

Se tivesse tal talento…

Se do estrondo das palmas

Eu conjurasse o espanto dos vitrais

Em brilho, luz e resplendor para as almas

Nada te pediria mais

Todavia o que ofereço é de tinta e de papel

É palavra submissa e escrava

Ao Verbo da Boca de Deus

Com sangue que corre desde o céu

Como brilhante e profuso magma e lava

João Antonio Heinisch
Enviado por João Antonio Heinisch em 27/02/2017
Código do texto: T5925473
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.