DENTRO DE MIM

Dentro deste ser que respira

expira necessidades ceifadas

Que de tantos espelhos ocultados

O homem que se ver não sou eu.

Dentro deste ser que respira

inspira pó de cinzas opacas

Que podem ser por ventos levada

Até as mãos do pai das águas vivas.

Dentro, tão dentro da exterioridade

Não há interior que se possa exteriorizar.

Mas há pobreza de riquezas.

Pedras preciosas que apenas no vácuo se podem usar.

Ah, que seria de mim sem tuas chuvas?

Que serias de mim sem teus montes?

Sentir o cheiro da tua criação...

Ah, que serias de mim sem teu Reino?

Que serias de mim sem tua cruz?

Beber teu sangue até sermos um.

Dentro deste ser que respira,

Teme não respirar tua glória

e dela fazer glória a mim mesmo,

Não fazer-te conhecido entre as nações.

Dentro, tão dentro da interioridade,

ainda existe um menino imaturo,

que de frutos tão verdes,

teme não querer-te comer.

Ah, que serias de mim que sou ramo,

não fosse ligado a ti?

Que serias de mim se o velho homem

não pudesse morrer?

trocar o velho pelo novo.

Beber teu sangue até ser como tu!

Felipêncio Júnior
Enviado por Felipêncio Júnior em 29/09/2016
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