DENTRO DE MIM
Dentro deste ser que respira
expira necessidades ceifadas
Que de tantos espelhos ocultados
O homem que se ver não sou eu.
Dentro deste ser que respira
inspira pó de cinzas opacas
Que podem ser por ventos levada
Até as mãos do pai das águas vivas.
Dentro, tão dentro da exterioridade
Não há interior que se possa exteriorizar.
Mas há pobreza de riquezas.
Pedras preciosas que apenas no vácuo se podem usar.
Ah, que seria de mim sem tuas chuvas?
Que serias de mim sem teus montes?
Sentir o cheiro da tua criação...
Ah, que serias de mim sem teu Reino?
Que serias de mim sem tua cruz?
Beber teu sangue até sermos um.
Dentro deste ser que respira,
Teme não respirar tua glória
e dela fazer glória a mim mesmo,
Não fazer-te conhecido entre as nações.
Dentro, tão dentro da interioridade,
ainda existe um menino imaturo,
que de frutos tão verdes,
teme não querer-te comer.
Ah, que serias de mim que sou ramo,
não fosse ligado a ti?
Que serias de mim se o velho homem
não pudesse morrer?
trocar o velho pelo novo.
Beber teu sangue até ser como tu!