Lapso de tempo
Por que te apartas dos dotes concedidos a ti?
Perdeste a virtude de esperar com paciência
porque deste os teus ouvidos à língua traiçoeira
e esqueceste do único preceito que te imperei
Ora, comeste da árvore que não te permiti
Eu vivo a dizer que a pressa não te orienta
Tuas preocupações te tiram a melhor parte
Não te inquiete tanto com os dias do porvir
se o lapso que separa a profecia do que é real
não te pertence, mas ao Senhor que te sustenta
Nesta dança da vida ao ritmo discrepante
Ecoam múltiplas vozes descompassadas
Mendigas o fruto do trabalho que não tens
e adoeces sem que te acudam e te curem
A luz ofuscante, transformada em sombras
Disse-te que há um tempo para cada coisa
Para nascer e morrer, plantar e colher
Um tempo de rir e chorar, de falar e calar...
Se posso contar os cabelos caídos da tua cabeça
Não saberia eu do tempo para a tua graça?
Dei-te tudo, basta-te usar com coerência
Tudo o que fiz subsistirá sempre, e perfeito
sem que se possa ajuntar ou suprimir nada
Resta-te entender o ensejo que para tudo há
Suportei a tua cruz para teu tempo não parar.
Assistindo o espetáculo de dança (Produção executiva de Raquel Rocha): “O tempo não para”, procurei resumir conforme viram meus olhos, a beleza do conteúdo que foi transmitido.