Semente
Senhor, dai-nos
A semente para que não seja desolado o nosso chão
Alimente a tudo que não rejeite jamais a vida
Sem que haja o melhor ambiente que admita o pão
Prefira o sangue no espinho, às pétalas da margarida
Basta-te o trato gentil no berço acolhedor sob o sol
Não te importas a aridez, secando o que restou
Pois irá chover outra vez e estará repleto teu paiol
Ame com intensidade como ninguém te amou
No esmero do criador que não usa os olhos pra ver
Ele tem a síntese do calor emanado do pulsar contínuo
Indecifrável é criar elementos infinitos e não conter
Na paixão nua conduz à cela o escolhido indivíduo
Ignorando o material, a luz que brilha na noite
Apenas um Verbo forte desprezando a sombria morte
Lançado de cima abaixo, aquecendo o frio de açoite
Acendendo os refletores, o brilho afiando o corte
Limpe a eira e a beira, junte ao celeiro do coração.
Assim Ele deixou para que te apliques no eterno amor
A trinta, sessenta e a cem para que sejas um agricultor.
... Quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho (São Mateus 13, 19).