Meu Pequeno Céu

PEQUENO CÉU

De pedras e plantas

era o céu da minha infância.

De buquevile em flor,

um arco-íris multicor.

E a Senhora dos céus,

vestida de sol,

mais bela que a aurora!

Alma de luz a irradiar bondade,

alma de arminho a refletir candura,

raio de ternura a espargir amor.

Quantas vezes, as mãos em prece,

desejei, num ímpeto infantil,

ser a Bernadete Soubirous

para ficar ali, junto à Maria

no aconchego do seu manto azul.

Lembro as tardes do ofício cantado

clamando inverno e fartura e bonança,

muita paz, alegria e esperança

no coração do povo angustiado.

Lembro as tardes alegres de agosto

de novenas e cânticos abençoados

ao som da banda que tocava

suaves melodias e dobrados.

Lembro as quermesses, os leilões,

e as tradicionais procissões

onde o encontro da fé se irmana

na paz que do Alto se derrama.

Maria, mãe do puro amor,

abençoava a todos, com sua graça

volvendo um olhar de infinito dulçor,

inebriando com suave odor,

iluminando, com doce sorriso,

a multidão na praça.

Eu, ali, sentindo os eflúvios

do candor celestial,

pensamentos em revoada

e a alma em festa,

era uma borboleta estonteada

a descerrar, desses mistérios, o véu

querendo transcender o umbral

do meu pequeno céu!

*

Maria de Jesus Araújo Carvalho

Fortaleza, 17/05/2014

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 17/05/2014
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