Morte fascinante
Exprimir uma rubra loucura inexprimível
Um relato em breves instantes de eternidade
Mateus assim descreve um poema encarnado
A primeira vista uma semelhança dramática
Sob o prisma da demência incompreensível
As trevas que cobrem a superfície da terra
Apagam-se as luzes do teatro do calvário
Deixando o cenário em terrível escuridão
A principio um castigo pela morte violenta
Haja luz! Início da vida, o brilho da palavra
Um grito angustiante na gélida solidão
Ouviu-se: Meu Pai, por que me abandonaste?
Refletores no rosto, atenção na expressa dor
A cruz tem conotação de aparente sofrimento
Em vez de ser expressão suprema do amor
Derruba-se o obstáculo entre pecado e perdão
De fato, não há argumento na ação teológica
A escravatura é abolida, desfaz-se velho pacto
Dá lugar à comunhão na força do sangue
O caminho é encurtado, prevalece a esperança
Não foi por vingança que a terra tremeu a rocha
A fenda hoje visível, é a reprovação da injustiça
Sentiu as dores de parto e ergueu sua revolta
Mas a morte desmente um desfecho óbvio
Ela gerou não a si mesma, mas a ressurreição
Um novo arco-íris foi estabelecido: a salvação
Chega-se ao ápice, apresenta-se o fim apoteótico
O nobre soldado apresenta o final inesperado
Contrariando todo pagão, rebaixa Júpiter e Zeus
E afirma aos ouvintes: Jesus é filho de Deus.
(Inspirado no livro: A fascinante morte de Jesus)
(José H Prado Flores & Ângela Chineze).