OLHOS DE PENA E DE PERDÃO

Pai,

Eu vi a garota dos olhos verdes

Em desespero, fugindo da guerra

Amedrontada diante do horror

E exagero de sangue na terra.

Pai,

Eu vi a menina que corria nua

Com o rosto marcado pela dor

Em passos descontrolados na rua

Queimada e com olhar desolador.

Pai,

Eu vi no rosto da jovem a cicatriz

Eternamente marcada pelo marido

Que lhe cortou cabelos, orelhas e nariz

Deformada e com seu direito banido.

Pai,

Eu vi a criança que se ateou fogo

Temendo a imposição de um casamento

Que lhe forjasse as regras do jogo

Horrendo da união em sofrimento.

Pai,

Eu vi o homem com o filho nos braços

Morto, inocente, no tiroteio

A criança que dava os primeiros passos

Assassinada pelo ódio sem freio.

Pai,

Eu vi a mãe abraçar a filha

Evitando-lhe aspirar aquele gás

Perdidas no centro da ilha

Do sol nascente de tempos atrás.

Pai,

Eu vi estampadas as dores

De cada um com sua cruz

E o mundo com seus horrores

Não se lembrando de Jesus.

Pai,

Eu vi Vossos olhos cobertos

De pena e de perdão, entristecidos

Por pregarem de braços abertos

Outra vez Vosso filho... desentendidos!

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 15/04/2014
Código do texto: T4770548
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