PÚBLIUS LENTULUS COMPLETO
PÚBLIO LENTULUS
HÁ 2000 ANOS PAGINA 83
Mãe sofredora, Lívia implora ao marido,
Senador Lentulus, arrogante e orgulhoso:
-Imploro pelo tempo que temos vivido,
Vás ao “Nazareno, curas o faz famoso”.
- Como querida minha, ei de achá-lo por aí?
Não devo a um simples súdito me humilhar,
Eu bem sei que pelo longo tempo que vivi,
“Fatos que venham mi fé romana abalar”.
Argumentos usados pela doce amada,
Amolecem aquele coração de pedra,
Abranda o rigor da convicção passada;
Ao ser doente, a esperança de cura medra.
- Pois bem Lívia, vou procurar o Profeta.
Deixando a esposa agradecida e confortada.
Encontra-lo em Cafarnaum, é dele a meta,
Embora o fizesse de maneira disfarçada.
Começa Públius uma busca incessante
Pelas plagas tão diversas de Nazaré.
Em todos os recantos não acha o andante?
Que ora navega, reza e ora e ora anda a pé.
Os dias enfileiram-se como colar
E sempre os contando em alvas pérolas.
Freqüentemente fala em latim, sem falar
Aramaico, sente ermo como libélulas.
Certa vez numa ribanceira poeirenta
Vê uma figura, vários vão indo atrás.
Apressando o passo, suspende a vestimenta,
-“Pare Messias!”... A plebe ri: -“é Barrabás”...
Já exausto de tanto procurar, cansado,
Ia parar, vê a filha em roda de luz
Tem de fazer o papel de homem amado,
Custasse o que fosse a meta maior é Jesus.
Com todo seu orgulho lhe cobrindo a face
Só, sem se comunicar ou pedir ajuda,
Ele nem sabia mais como ao Mestre achasse.
Vê uma mulher rindo, mas dizem-lhe: -“ É muda”...
Na procura diuturna não consegue ver
Uma mínima pista a lhe ajudar então.
- Uma criança pobre pedindo comer,
Deu-lhe algumas moedas e de coração.
Alguns passos mais sente lhe espera alguém,
Entre frestas consegue ele ver uma luz,
Logo atrás dela uma multidão, há mais de cem,
Abre-se-lhe passagem um ser diz:- Sou Jesus...
Bambeia as pernas, palavras desaparecem,
O romano torna pequeno, diminuto.
Quando todos calam até o orgulho esquece:
-“Senhor minha filha, a lepra”... :- “Ouvi eu sei, escuto.”...
Saído a pouco do lago Genesaré
E das águas mansas exalam-se perfume
Disse o Mestre: Não sabe quem sou, sei quem é.
...e afastando um pouco, orou, chorou, era o lume...
O orgulho bate no peito do Senador,
Não sabia se acreditava se era um erro.
Em Roma tinha visto outro tanto impostor,
Deve ser mais um a procura de desterro.
Disse o Messais: -“Vá para sua casa boa”,
Faça dela seu Capitólio, saúde Nazaré,
Da lepra a Flávia curou, mas a tudo entoa,
E da mulher amada veio a grande fé...
Ai Públius não sabia se andava ou voava,
Passos rápidos, trôpegos, choro constante
Dirigiu a seu Palácio onde Lívia o “esperava”,
Cheia de alegria, sorriso alucinante.
Ao ver tal episódio imaginou quanto erro,
Foi-lhe ensinado pelos antepassados.
Enviaria os “deuses” agora ao desterro?
Não sabe o que fazer, fica entre dois lados.
GOIÂNIA, 01/04/2006