DEZ REAIS
Dez Reais
Na vendinha do Joaquim ficaram dez reais
Trocados por pão, leite e gastos essenciais.
Sendo troco guardado na gaveta do balcão
A cédula foi parar na mão do Pedreiro João.
Em seguida, João pagou com esse vintém
Que havia pedido emprestado, de alguém.
De modo surpreendente o agiota amigo,
Coerente, deu de esmola a um mendigo.
Este pagou por um prato de comida
quando seu estômago carcomia em vida.
Da carteira do balconista
Sem pensar deu ao ciclista
Que sangrava e contorcia
No asfalto da ciclovia.
Atendido e medicado
O rapaz agradecia
Sem saber se pagaria
Tendo apenas dez reais.
O médico bondoso deu-lhe algumas aspirinas
E mais alguns trocados em propinas.
Feliz a pedalar foi seu dinheiro doar
Ao primeiro pedinte que encontrar.
No fim das contas, sem julgar e condenar
Os dez reais de mão em mão
Não interrompeu seu andejar.
Alimentou, pagou dívidas, matou fome, curou,
Salvou e até de esmola se prestou.
Uns dizem que o dinheiro é do capeta
Do carteado e dos políticos da maleta.
Porém, DEUS tudo provê.
Nós é que não percebemos
O valor da cédula que recebemos.
Então, pra rematar eu digo: É de DEUS!
Bem usado é Divina redenção,
Sejam eles dez reais ou um milhão.
Autor: Júlio Sampietro