Mente que mente
Eu não penso,
não raciocino por mim mesmo
sem o decreto axiomático:
caio em minha poça de vômito,
sem mais nem menos,
permanecendo em debilidade.
Eu não vomito:
babo como se fosse pensar,
sendo um inútil pensante.
Meus pensamentos voaram?
Como pássaros
fugiram eles da gaiola?
Eu não tenho cabeça:
estou numa prisão,
iludindo-me, como se fosse quarto.
Agora eu percebi.
Eu pensei: vomitei.
Não, meus vômitos são mais que isso:
eles são também uma poça de babugem.
Eu penso que penso,
mas apenas vomito.
Eu vomito o que penso,
pensando que vomito,
mas nem sequer isso faço,
senão babar como se fosse pensar.
Eu não penso por mim mesmo,
eu não vomito em mim mesmo,
eu não babo por si só:
eu não penso,
e sim tenho veículo pensante,
instrumento intelectual
para assentamento mental.
Meu raciocínio por ele mesmo
não raciocina;
meu intelecto por ele mesmo
não é intelectual:
são veículos.
Se for por mim mesmo:
minha mente mente que eu tenho mente.
Meu pensamento pensa que pensa,
mas nada faz
além de vomitar e babar.
Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.
[31/08/13]