Mente que mente

Eu não penso,

não raciocino por mim mesmo

sem o decreto axiomático:

caio em minha poça de vômito,

sem mais nem menos,

permanecendo em debilidade.

Eu não vomito:

babo como se fosse pensar,

sendo um inútil pensante.

Meus pensamentos voaram?

Como pássaros

fugiram eles da gaiola?

Eu não tenho cabeça:

estou numa prisão,

iludindo-me, como se fosse quarto.

Agora eu percebi.

Eu pensei: vomitei.

Não, meus vômitos são mais que isso:

eles são também uma poça de babugem.

Eu penso que penso,

mas apenas vomito.

Eu vomito o que penso,

pensando que vomito,

mas nem sequer isso faço,

senão babar como se fosse pensar.

Eu não penso por mim mesmo,

eu não vomito em mim mesmo,

eu não babo por si só:

eu não penso,

e sim tenho veículo pensante,

instrumento intelectual

para assentamento mental.

Meu raciocínio por ele mesmo

não raciocina;

meu intelecto por ele mesmo

não é intelectual:

são veículos.

Se for por mim mesmo:

minha mente mente que eu tenho mente.

Meu pensamento pensa que pensa,

mas nada faz

além de vomitar e babar.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[31/08/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 31/08/2013
Reeditado em 31/08/2013
Código do texto: T4460520
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.