Eu (eu) lírico

Aquele inútil,

aquele sem uso,

aquele desútil:

aquele eu lírico.

Aquele dispensável,

aquele desnecessário,

aquele desperdiçado:

aquele eu lírico.

Aquele ocioso,

Aquele fracassado,

aquele escusado:

aquele eu lírico.

Aquele imprestável,

aquele inaproveitável,

aquele miserável:

aquele eu lírico.

Aquele indigente, necessitado, pobre, vil;

aquele patife, verme, patético;

aquele deplorável, lamentável, lastimável, miserando;

aquele baixo, desprezível, infame;

aquele irrisório, minguado, mísero, reduzido, último;

aquele maldoso, malvado, perverso;

Aquele pobre, fraco:

aquele eu lírico.

O eu lírico é miserável:

o lírico é exteriorização,

o eu é todo miséria.

Aquele justo, justificado;

aquele santo, santificado;

aquele escravo, imerecedor, inútil;

aquele eleito, servo, salvo:

eu lírico.

Eu está sempre presente;

eu estou sempre presente,

sou eu sempre quem devo.

Aqueles devem, e todos devem glórias.

Eu fui justificado, não mais devo.

Agora, pois, eu estou presente

para conhecê-Lo.

Eu não sou o centro,

eu existo para dar glórias, glorificar.

O eu lírico.

O (eu) lírico,

o eu.

Eu.

Eu não sou, Ele É.

Eu: escravo do Eu Sou.

Ele É.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[23/07/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 23/07/2013
Reeditado em 23/07/2013
Código do texto: T4401181
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