Genézio

Genézio: o subversivo, o subjetivo, o substitutivo.

Genézio: o que odeia Leis, anulando-as.

Genézio, o que anula as Leis do Criador, odiando-as.

Genézio, o das dispensações de palha,

as quais cospem e são cuspidas;

que dispensam e são dispensadas.

Genézio, o que anula a espada vingadora,

que cospe na justiça avassaladora,

que odeia o amor, o DEUS do terror.

Genézio, aquele pisoteado inútil,

o qual odeia a mão soberana, o braço

eleitor e reprovador.

Genézio é como Hermes, o humano e o deus.

Genézio não é rápido tal qual,

mas é do mesmo modo humanista e carnal.

Genézio, o que não decreta,

mas obedece, é fraco.

Ele implora, roga,

mas de nada adianta,

sempre há alguém mais forte.

Até mesmo Hermes é mais rápido que Genézio,

e o segundo chora, lamuriando-se todo.

Genézio desembainha sua espada

apenas para descascar trigo; o joio ele não tem coragem.

Sua lâmina é sem fio, sem aparo.

Seu terror é manso,

sua mansidão efeminada,

parece um filhotinho assustado.

Genézio viu Hermes sendo mais rápido,

correndo, falando dele,

então começou a se perguntar: Aonde?

Genézio não é onipresente.

Viu também Hermes tendo mais discurso,

banalizando a tudo e todos,

então começou a se indagar: como?

Genézio não é onisciente.

Hermes conseguiu descascar uma banana,

mas Genézio nem isso conseguiu.

Ele não é onipotente,

ele é tal como a mente mole.

As Leis? Genézio as subverte.

A Graça? Genézio a subjetiva.

A Justiça? Genézio a substitui.

Genézio nunca se ira, ele é débil.

Cuspiram em sua boca,

e ele engoliu o cuspe, chorando.

Arrancaram suas vestes,

e ele se assustou, aquilo fora inesperado.

Ele implorou para que não o chicoteassem,

pois era contra sua vontade,

mas de nada adiantou: Genézio, então, chorou.

Genézio tenta gritar, mas seu grito é inútil.

Genézio tenta falar, mas sua língua é muda, cortada.

Genézio tenta salvar, mas sua salvação é frustrada.

Genézio tenta amar, mas seu amor é fracassado.

Genézio tenta justificar, mas sua justificação é frágil.

Genézio tenta condenar, mas sua condenação é sentimental.

Genézio tenta até se irar, mas sua ira é pirralha.

Genézio tenta, tenta, mas não consegue,

ele é digno de pena.

Hermes sente dó, mesmo falando dele.

Hermes explana, corre, discorre,

mas o conhece bem, sabendo que é infecundo.

Hermes levou Genézio ao tártaro,

para verem o chão de fogo falso:

Genézio vomitou e começou a chorar.

Desesperado, correu afora

sem nem mesmo se despedir.

Genézio é anti-ético, mal educado.

Genézio existe, e não É.

Genézio tem pressuposto, e não é o próprio.

Genézio tem premissa, não sendo ela.

Genézio é causa criada, e não absoluta.

Genézio não escolhe amar,

mas apaixona-se involuntariamente.

Genézio não tem amor, é somente paixão.

É influenciável, cauda fácil de chutar.

Hermes, que conheceu Fernandes,

que conheceu Caio, que conheceu Fábio,

que conheceu Ev, que conheceu Angélica

juntou todos em uma sala.

Começaram a falar, escrever, dissertar,

e, sucintamente, entraram em acordo:

que odeiam as Leis (mas amam Genézio, claro).

Depois de tudo, organizaram uma festa,

dando-a para Genézio.

Ele, emocionado e sorridente,

chorou; lambuzou-se todo de bolo,

de fetos, de marmitas, do mesmo sexo,

do mesmo gênero, da mesma alçada.

Deliciou-se em animais, em anais,

adulterações e adultérios.

Genézio pôs uma toga branca,

limpa, sem sangue algum,

e voltou para casa, agradecido aos quatro.

Hermes, Fernandes, Caio, Fábio, Ev e Angélica

ainda por cima fizeram uma pegadinha:

colaram nas costas de Genézio uma folha,

a qual continha escrito "escravo, servo adotado".

Genézio, chegando em cada depois da hora,

tomou bronca do pai, o qual

não é dono de nada, nem de si.

Genézio é servo, escravo;

é escolhido, e não escolhe

- tem de implorar aos Hermes! -

Genézio é fraco, filhote, desdentado.

Genézio tem boca, mas não fala;

tem olhos, mas não vê;

tem ouvidos mas não ouve;

tem nariz, mas não cheira;

tem mãos, mas não apalpa;

tem língua, mas não declara;

não tem cetro, não tem trono, não tem coroa,

não tem majestade, não tem reino,

não tem criação, não tem vida, não tem nada.

Genézio não é feito de ouro nem prata,

mas sim de mente.

Hermes, o lobo, o ama.

Caio, o que libera, o adora.

Angélica, a que idolatra, ajoelha-se.

Eles amam a si mesmo.

Pois, Genézio é falso pescador,

deus de muito chorume.

Genézio é fraco, inútil, ridículo e ridicularizado,

cuspido e banalizado, afeminado.

Genézio é criado,

Genézio não existe.

Vamos, grupo de idólatras!

Ergam uma estátua de Genézio;

façam uma estatueta de esterco e estrume.

É a única coisa para qual ele serve:

adubo e casa às moscas.

Aos Hermes, Fernandes, Caios, Fábios,

Ev's, Angélicos e Angélicas:

seu deus é patético.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[11/07/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 12/07/2013
Reeditado em 14/07/2013
Código do texto: T4383162
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