Deserto
Com um sorriso nos lábios,
oferece-me o deserto
pois sabe que um mar de fantasia
me espera do outro lado da porta,
pronto para me afogar, mais uma vez.
Náufrago das ilusões,
volto sempre à praia do recomeço
e tento retribuir o Teu sorriso...
ainda com o sal da frustração
escorrendo-me da boca.
E o Teu convite, impertubável,
não se dilue no oceano do meu apego...
nem se evapora nas areias quentes
do meu medo impermeável.
Apenas sorri
como quem cumprisse um ritual...
sem nenhum gesto que me acuse, me cobre...
ou queira se impor a mim.
Sou eu que me entristeço
por minhas próprias acusações.
Como o sol da manhã,
é a Tua boca...
e como a escuridão da madrugada,
é o silêncio que estendes à minha frente...
esperando que venham os primeiros passos
dos meus descalços e imaturos pés.
11-05-2013