A mão da [ev]Angélica
A mão da Angélica não me odeia,
não era ela na hora do tumulto.
Não foi a mão da Angélica que me açoitou,
nem que me mandou para quarenta menos uma.
Tampouco foi a mão da Angélica
que implorou: apedrejem, matem!
Não era a mão da Angélica que estava tremendo,
sedenta pelo apedrejamento;
não eram seus dedos que suavam frio
e clamavam pelas pedras pontiagudas.
Não, não era a mão da Angélica.
Não foi sua mão que teve boca,
e começou a gritar: cortem sua língua,
não deixem-no nada mais falar!
Não era Angélica que queria me calar,
ou tapar minha boca;
não era a mão de Angélica que queria me cegar,
arrancando meus olhos perante a sinagoga.
Não era Angélica: pois ela era querida, respeitosa.
Angélica era honrosa, das muitas honras coroadas de sabedoria.
Não foi Angélica que me odiou,
não foi sua mão que me amaldiçoou;
pois a mão de Angélica serviu para o consolo.
Não foi a mão de Angélica que me escarrou,
pois apenas me afagou.
Não foi a mão de Angélica que me apedrejou
pela verdade, una e trina.
Não foi a mão de Angélica...
foi a mão da "evangélica".
A mão da evangélica que me odiou - que não é angelical -,
apedrejando-me, tapando seus próprios ouvidos
à verdade, e querendo arrancar meus dentes.
A mão de Angélica assim não procedeu:
a mão da evangélica é carregada de sangue,
culpada, abominável e condenada.
A mão da evangélica está cheia de esterco,
podre, moribunda, ensanguentada
pelas trombetas da mentira;
a mão da evangélica está morta,
totalmente condenável.
Cheia de sangue e restos mortais
dos santos, da igreja, dos homens de DEUS.
A mão evangélica cerrou-os ao meio,
apedrejou-os, odiou-os, açoitou-os,
amaldiçoou-os... a mão da evangélica
odeia o Todo-Poderoso.
A mão da Angélica é carinhosa, sábia e valorosa;
mas a mão da evangélica é abominável,
suja de sangue justo e cravada
por bicos de corvos, e não pela Cruz.
[26/04/13]
Cesare, em tudo capacitado pelo Senhor.