Nomeação
Chamaram-me de rocha: inabalável.
Nomearam-me rochedo: inabalado.
Estes, infatigáveis, mesmo à ventania...
então vieram e deram-me o nome de pedra - esta, notória.
Como cavalos ferozes eles vieram;
sobrepujaram a verdade absoluta,
dizendo-me: tu és fonte própria.
Intitularam-me de obelisco: sublime e majestoso.
Cantaram meus novos títulos;
então, não passo de palha ao fogo,
de capim que inflama com o soar do nome sol.
Não sou nada além de mais uma pedra
que fura com o pingar d'água,
outra que se esmiúça com o estrondar da cavalaria - somos muitas!
Sem esforço algum,
sou pedregulho de estrume em mato seco,
pedrinha levada por qualquer brisa;
Sou pedra de sabão, dissolvo-me em instantes.
Chamaram-me, mas sou rocha de feno: inconsistente.
Nomearam-me, mas sou poeira: insignificante.
Deram-me, mas sou pedra de lama: inútil.
Como vieram a intitular-me? Sou obelisco de vidro: frágil, fraco.
Pois, há apenas uma rocha: apresentem-me outra, caso exista!
Apenas uma pedra de tropeço,
um só rochedo seguro, sem sombra de mudança.
Uma só fonte Altíssima,
apenas um alicerce inabalável: sempiterno inabalado.
Chamaram-me, nomearam-me, intitularam-me;
Chamo-os de néscios, loucos;
nomeio-os bestas ignorantes, odiadores do madeiro,
e os intitulo filhos da ira, miseráveis fora da rocha.
Vieram, falaram, balbuciaram, e deram atenção a aparente consistência:
ignoraram as farpas, os cravos, a madeira eternizada.
[21/04/13]
Cesare, em tudo capacitado pelo Senhor.