LIBERTINO CORAÇÃO

É a estrutura do mundo sagrado,

reflexo dos deuses, espasmódica contorção,

triplo querer e desquerer uma noção

fria das coisas essa dúvida incerteza.

É um descontente prazer, precipício de medos

de perdas, de assombros, de coisas repentinas,

desejos atormentados e risos escuros.

Todas as vezes que eu rebento em flor

inssurge em meu peito o clarão, o lampejo

do sagrado, sempre a desamarrar o que

está torto em mim, de agora, adiante,

o que não avança mas se completa em ser.

Invento o futuro na medida mesma da desmedida,

do vazio preenchido nas ânsias, noites insones,

querer aqui preso, mas amor que não existe

é esse libertino coração, essa felicidade repleta,

esse odor de coisas miúdas, inefáveis,

as que transcendem do medo e da carne.

Palavras não atendem ao chamado que urge

da música e da alegria e do gozo imenso.

Uarlen Becker
Enviado por Uarlen Becker em 28/02/2013
Código do texto: T4164790
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.